O que dizem por aí & Entrevistas

ENTREVISTAS


  • por Escobar Franelas    -   vs.eu

O QUE DIZEM POR AÍ


A situação da poesia desde o instante em que se desvencilhou das algemas de certos recursos convencionais, tornou difícil o acesso para aquela categoria de leitores acostumados ao toque epidérmico dos versos de fácil captação auditiva. Ao contrário do raciocínio mais generalizado, a atitude do artista que se quer inserido na corrente da modernidade é de absoluto rigor conceitual e formal, exatamente por lhe permitir o trabalho de criação na temperatura mais adequada às variações mais subjetivas no toque das palavras, das formas, das cores, dos sons. O resultado, a obra em si, representando a mensagem do criador, demanda sempre uma atitude ativa do observador-fruidor e isso requer um esforço quase sempre recusado voluntariamente. Assim, contrariando certos (pre)conceitos, não é a arte contemporânea que se afasta dos que poderiam compartilhar seus mistérios, mas estes é que dela se afastaram.

Por ser assim tão exigente, é difícil encontrar quem consiga dar um sentido válido, autêntico e efetivo àquilo que cria e produz dentro das circunstâncias acima assinaladas.

Eleita para o mais puro exercício da poesia, a santista Cláudia Brino, é uma dessas pessoas. Sabe dos caminhos ardentes do território poético onde vive em constante estado de choque. Sempre pronta para receber o mistério, transformá-lo e distribuí-lo em forma de poemas curtos e certos. A irrealidade absoluta contorna as coisas diante da vida a soprar-lhe palavras em acidentes poéticos inusitados.

Narciso de Andrade
Jornal A Tribuna -19/05/1995
Caderno AT Especial
    
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sobre o livro chorando reticências
Cláudia Brino, recebi
das mãos de um velho carteiro
teu mais recente livrinho
— reticente, corriqueiro...

Livrinho, pois pequenino
— 22 poemas contei;
e não mais de um minuto,
juro, para ler gastei.
(E foi nessa pobre concha
que uma pérola encontrei:

a flor, para se abrir,
cativou pétala
por pétala
o pensamento de deus.)

Um minuto, nada mais,
dura a lágrima e sua glória.
Cláudia Brino, teu livrinho,
mesmo sem dedicatória,
fica, agora, aqui guardado
na estante da memória.

André Foltran - texto publicado no Blog CADERNO
24 de janeiro de 2014

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sobre o livro chorando reticências
Adorei! É a síntese da síntese.
E além do mais, E A VIDA CONTINUA é a minha cara. 
Parabéns e super obrigada por mais este presentão!

Rejane Batista (enviado por e-mail)

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sobre o livro chorando reticências
Seu "Chorando reticências" é muito lírico, original, e, confesso que eu esperava um livro repleto de pontuação, afinal, reticências são lindas, suspende tudo o que se quer dizer, mas você, grande poeta que é, encontrou outra forma de suspender seu pensamento "no silêncio.../ dentro da alma/ o tempo/ é o lenço das lágrimas", 25, minha página preferida. Parabéns e muito sucesso com esse lançamento. O título ficou belíssimo, a capa, primorosa.

Hilda Curcio - enviado por e-mail

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sobre o livro chorando reticências
Chorando suas Reticências,
nossa maestrina canta.
Envolvido nestas ciências
lindo poeta se encanta!

Edite capelo - enviado por e-mail
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sobre o livro chorando reticências
Dá licença Cláudia Brino
Também quero poetar
Ao André peço desculpas
Por sua ideia roubar....

Chorando reticências me encontro
A cada página que leio
Mergulhada no “silêncio”
De um “poema inacabado”
“Fato da fome” do belo.

“Simples assim”, “sem passaporte”
Minha viagem não tem volta
“ e a vida continua” ... reticências
No “rompimento” de uma “oração”
O “poema” desliza pela “madrugada extática”.

E mais uma vez
Gotas de poesias regam
o claro e o escuro de uma “insônia braba”
E quando o sol bate suave na janela
O livro cai sobre os meus olhos
Ainda é noite, uma “confiança estranha”
Leva-me a crer que ainda estou
“chorando reticências”.

Perpétua Amorim - enviado por e-mail
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Nosso modo de poetar é bem diverso. Enquanto eu digo o que sinto de modo aberto, ao embalo da rima e da métrica, quase que nunca velando o fluxo de minha emoção, você, Cláudia Brino, em troca, joga com palavras e sentimentos por vezes de forma hermética, usando a objetividade dos nossos dias crus, numa dinâmica algo agressiva, acridoce e regada de adrenalina. O sol-poesia que nos ilumina os passos é o mesmo que aquece por igual os nossos sonhos.

Carolina Ramos  -  14/04/2002